Uvas sem sementes: invasão nordestina na CEAGESP 09/06/2019

Conversando com os vendedores  de uva que atuam nas empresas atacadistas da CEAGESP de São Paulo eles me chamaram a atenção do fato que este ano estava entrando muito mais uvas sem sementes do Vale do São Francisco que importadas. Normalmente o entreposto sempre foi mais abastecido no primeiro semestre pelas uvas chilenas e no segundo semestre pelas do Vale. 

A partir dos dados da Seção de Economia e Desenvolvimento da CEAGESP verificamos e constatamos esta observação.

O Chile, por estar na zona temperada, fica preso ao ciclo natural da uva, com poda no inverno com a parreira em dormência, brotação na primavera e produção no verão. Como é um pais bastante comprido (praticamente a distância norte sul é a mesma do Brasil), a produção caminha do norte mais quente, para o sul mais frio. Assim a colheita chilena vai de, mais ou menos, de janeiro até o final de março ou abril.

Já as condições de semiárido nordestino permitem brincar com a fisiologia da videira e teoricamente produzir em qualquer época do ano. Força-se a quebra da dormência e a brotação da videira pelo uso de um produto químico conhecido como calciocianamida (o nome comercial mais conhecido é Dormex®)  e se inicia um ciclo de produção (explicado de maneira bem simples), quando o produtor julgar comercialmente mais interessante. 

Ocorre que o semiárido não é árido e há uma grande chance de chover no primeiro semestre. As duas variedades de uvas sem sementes mais cultivadas até poucos anos atrás, a branca Thompson e a vermelha Crimson não suportam chuva próxima à colheita, racham e apodrecem. Assim poucos produtores nordestinos arriscavam produzir no primeiro semestre. E ao mesmo tempo não havia janela de exportação importante para o hemisfério norte, justamente pela produção chilena e de outros países do hemisfério sul como a África do Sul.

Ocorre que a dupla Thompson e Crimson foram em grande parte substituída pela escura BRS Vitória da EMBRAPA e pela branca e californiana ARRA 15. As duas, além do excelente sabor, suportam melhor a chuva e podem ser produzidas com menor risco no primeiro semestre. Na CEAGESP são certamente as duas variedades mais importantes. 

Aí a excelente qualidade e sabor conquistou o mercado paulistano. Os gráficos e tabelas mostram isto. Este ano, pela primeira vez, considerado o período de janeiro a maio, foram comercializadas mais uvas sem sementes nordestinas do que importadas na CEAGESP de São Paulo.

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Na foto a dupla BRS Vitória e ARRA 15
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O engenheiro agrônomo Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida escreveu esta notícia a convite da Ellu Agronegócio Ltda.

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